quarta-feira, 28 de outubro de 2009

DISCUSSÕES ACERCA DA METODOLOGIA DA PESQUISA "TRANSCEDENDO A CIDADE: UTOPIAS, REFLEXÕES E SIMBOLOS"

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         A geografia sempre teve como suporte metodológico, o auxílio da percepção e da representação. Desde Ratzel, perpassando por Humboldt (até os dias atuais). O primeiro era consultor político de Otto Von Bismarck (primeiro ministro da Prússia, atuou severamente na consolidação da confederação germânica), em seu trabalho, ele não salientava apenas a relação homem – solo – estado, mas a representação de uma nação, se pegar o fato de Ratzel ter elaborado o conceito de “espaço vital”, veremos em sua essência, o significado da representação e como ela tem grande importância na geografia ratzeliana. Humboldt como uma grande naturalista, pautava-se na percepção do meio natural, pois assim designava a produção de seu trabalho.
         Outro grande geógrafo clássico, Vidal de La Blache, tinha como proposta metodológica o “olhar geográfico”, esse olhar era uma qualidade/característica que o geógrafo desenvolvia a partir de seus estudos teórico à sua práxis, pois era um modo de perceber e conceber o espaço e suas relações (homem X natureza). Enfim, o suporte representação não é dado apenas de forma cartográfica, mas, de forma plural com vários sentidos diversos, por exemplo: O quê um fenômeno natural representa para a sociedade? O quê representa um lugar? O que uma medida política representa na sociedade e meio ambiente? Como a política se representa no território?
           A percepção para BERTOL (2003)O que é a percepção? Qual sua essência? Se o fato perceptivo for estudado pela Psicologia, ele será baseado na observação e relações causais de fatos mentais de comportamento, e será classificado em dois tipos: os fatos externos, que podem ser observados, os chamados estímulos, como, por exemplo, luz, forma, cor; e os fatos internos, que só podem ser observados de forma indireta, as respostas. Em outras palavras, a Psicologia divide o fato perceptivo em estímulos externos e internos, que são os que ocorrem no sistema nervoso e no cérebro. Também em respostas internas e externas, que se constituem nas operações do sistema nervoso e no ato sensorial do sentir ou do perceber alguma coisa.
           Já se o fato perceptivo for estudado pela Fenomenologia, ela procurará explicar o que é a percepção, e não como ela ocorre. Para a filosofia fenomenológica, a percepção é

[...] um modo de nossa consciência relacionar-se com o mundo
exterior pela mediação de nosso corpo
[...] é um certo modo de a consciência relacionar-se com as coisas,
quando as toma como realidades qualitativas [...] é uma vivência.

(CHAUÍ, 1995, p. 236).

Desse modo, pode-se dizer que a percepção é a forma como, através dos sentidos, as coisas do mundo natural ou humano chegam à consciência. É a forma como as pessoas se relacionam com as coisas de um modo geral. Em sendo assim, o centro da cidade é percebido de forma diferente por pessoas diferentes. Cada pessoa tem uma imagem de sua cidade, e isto tem a ver com a forma como ela a percebe, como nela vive, como nela se sente, pois, “tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo, sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 3). Relph (1979, p. 1) considera quatro significados para o termo geografia: como disciplina acadêmica administrativamente distinta; como um corpo formal de conhecimento no qual são levados em conta os arranjos espaciais, as relações homem-natureza; como a ciência que se dedica ao arranjo espacial e cartográfico específico das coisas, regiões e nações; como o padrão pessoal de atividades e encontros com lugares e paisagens."
         Vale ressaltar que os clássicos/sistematizadores da geografia recebiam influências científicas contemporânea, e que ainda hoje adquirimos novas vertentes epistemológicas para as práxis, através de outras bases científicas (humanas e naturais) de várias ciências.
          Então, para o progresso de nosso trabalho, buscamos várias linhas de pensamentos, tais como: A semiótica, a antropologia, a política, a fenomenologia, a psicologia, entre outras que iremos citar posteriormente, no decorre da pesquisa. Com certeza, herdamos em nosso trabalho as bases teórico-metodológicas dos estudos da geografia humanística e da geografia da percepção trabalhada por BERTOL (2003).
E de suma importância, ressaltar que obras de vários autores, tais como Aldous Huxley, Carlos Castaneda, George Orwell, Platão, Lúcia Santaella, entre outros, deram outro horizonte ao nosso trabalho. Fazendo com quê esse trabalho não seja apenas, uma produção geográfica, e que essa pesquisa tenha cunho interdisciplinar, devemos salientar que a partir da proposta metodológica, possamos trabalhar várias temáticas.
         Com todo esse arcabouço teórico, e relembrando a excepcional idéia de Vidal de La Blache, em propor metodologicamente o “olhar geográfico”, refletirmos, e vimos que precisávamos ter a sensibilidade perceptiva apurada, para entendermos de forma objetiva as relações humanas com os signos e utopias da cidade de Sobral, logo vimos que para concebermos a cidade, por outra ótica, e tentamos formular uma nova proposta metodológica, uma “meta-ótica”, para podermos entender de que há verdadeiro e irrefutável na construção processual do lado social-físico, porém simbólico de Sobral.
         Temos como objetivo, discutirmos sobre as reflexões que acercam Sobral, e que vemos de representativo na cidade e como a percebemos, e quais são as utopias da população. Para isso, escolhemos pontos da cidade, fizemos estudos históricos e entrevista, para em seguida debates, e fazermos como diz SEEMANN (2003) criarmos um próprio mapa a partir de memória do espaço agregando com os signos e utopias gerais, a partir de nossa percepção e concepção do espaço-lugar.


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